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Em meio à pandemia, Petrobrás anuncia corte de até 30% nos salários dos trabalhadores

Na última quarta-feira, dia 01 de abril, em meio à Pandemia do coronavírus (COVID-19), a direção da Petrobrás anunciou que poderá cortar os salários dos trabalhadores em até 30%. A medida absurda de ataque segue a política do governo de Jair Bolsonaro de retirar direitos da classe trabalhadora para garantir “rios de dinheiro” aos banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais, enquanto o povo pobre morre de fome.

Longe de adotar medidas para garantir o mínimo de sobrevivência dos mais necessitados, como a suspenção do pagamento de água, luz e gás; ou mesmo a proibição, por decreto, de demissões, como ocorreu em outros países, o “governo” brasileiro está se valendo da pandemia para intensificar a esfoliação e acelerar os ataques aos trabalhadores. A desculpa esfarrapada é a suposta defesa da economia. A direção da Petrobrás usa o mesmo discurso para rebaixar os salários dos petroleiros, porém, esta prática não prevalece quando se fala dos cargos mais altos da Empresa. Segundo informação do site do sindicato dos trabalhadores de Minas Gerais, SINDIPETRO/MG, a alta administração da Petrobras já pediu para triplicar os seus bônus, enquanto o restante dos trabalhadores amargará uma redução salarial de até 30% dos seus vencimentos.

A estratégia usada pela direção da Empresa segue as imposições do grande capital em crise: sacrificar os trabalhadores que, ao longo de toda sua vida de produção, garantiram grandes lucros ao País e, principalmente, aos seus acionistas, que curiosamente não apontaram nenhuma medida para redução dos seus lucros para contribuir com sua cota parte na crise.

No informe que anuncia o corte dos salários, a direção da Petrobrás não apresenta nenhum estudo técnico ou análise mais detalhada da situação mundial que justifique o impacto econômico da medida para o combate efetivo da pandemia. Trata-se, na verdade, de mais um ataque às empresas estatais brasileiras, com o intuito de enfraquecê-las pela base, que são os funcionários, para depois entregar o patrimônio do povo brasileiro nas mãos dos capitalistas internacionais. Vale destacar que a redução salarial foi decisão unilateral da direção da Petrobrás e desrespeita os Acordos Coletivos de Trabalho regionais e nacionais, firmados pela categoria.

A Petrobras é responsável por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, além de ser considerada a “mola mestra” do desenvolvimento e recuperação da nação. Por isso, não só os trabalhadores petroleiros, mas todo o povo brasileiro deve ficar atento a qualquer tentativa de precarização, para posterior entrega, deste importante patrimônio nacional.

Neste momento de pandemia mundial, a importância do setor público fica ainda mais evidente. Serviços públicos como o Sistema Único de Saúde (SUS), que mesmo com todos os ataques que vem sofrendo devido à falta de investimento do Governo Federal na saúde pública, está na linha de frente do enfrentamento da crise, e estatais como, por exemplo, os Correios, que levam medicamentos, vacinas e materiais hospitalares; o SERPRO, empresa pública de processamento de dados, dentre outras, são essenciais para garantir a vida. As estatais são os pilares da economia do País e, na prática, o povo vai aprendendo porque não se podem privatizar estas empresas. Os grandes capitalistas sabem bem a capacidade de gerar lucros das estatais e estão, mais do que nunca, ávidos para colocar as mãos no patrimônio do povo brasileiro.  

O ataque aos salários dos petroleiros se soma aos atrasos para pagamento da renda emergencial aos informais, única medida de efetivo apoio ao trabalhador aprovada até agora pelo Congresso Nacional, que, para tanto teve que negociar perdas aos trabalhadores mais pobres, como o veto presidencial à ampliação da faixa de renda do BPC, pago a idosos em situação de pobreza. Sem falar da já publicada Medida Provisória 936, que permite a suspensão dos trabalhadores sem a compensação salarial adequada. Tais medidas evidenciam que o governo de Jair Bolsonaro irá priorizar o socorro aos grandes bancos e acionistas, em detrimento do povo pobre do Brasil. A redução de direitos e salários nas estatais abre caminho para o projeto de Paulo Guedes de reduzir salários dos servidores públicos e deve servir como aviso para todos os trabalhadores da iniciativa privada ou informais, ainda mais vulneráveis diante da destruição de direitos e de todo o sistema de proteção trabalhista no País.

A pandemia do COVID-19 é usada pelo governo brasileiro como pretexto para colocar em prática seus planos anteriores de ajustes fiscais. Essa política de desrespeito à vida do povo, retirada de direitos no momento que as pessoas mais precisam, de aumento do desemprego e valorização, ainda que precária, da informalidade só atende aos interesses do grande capital.