Os serviços do Banco Postal serão desativados em quase 1.500 Agências dos Correios em todo o País, segundo informações da direção da ECT. Só em Minas Gerais, são quase 200 Agências que deixarão de oferecer serviços bancários à população através do Banco Postal, um projeto criado em 2002, em parceria com uma instituição bancária, Banco Bradesco.
Atualmente, os serviços são oferecidos em 6.500 Agências Próprias de Correios. O principal objetivo dessa parceria era a inclusão bancária de milhões de brasileiros em localidades onde não há agências, nem correspondentes bancários. De fato, em muitos municípios brasileiros, o Banco Postal é a única opção que a população dispõe para efetuar pagamento de contas, depósitos e até recebimento de aposentadorias. Assim, o Banco Postal, longe de ser um serviço qualquer, é mais um dos importantes benefícios, com caráter social, oferecido pelos Correios.
Vale ressaltar que boa parte das agências onde o Banco Postal será encerrado são, justamente, as situadas nas cidades pequenas, onde tais serviços se fazem ainda mais necessários, para não dizer imprescindíveis. O motivo alegado pela Empresa para o encerramento das Agências Próprias seria o fato de os custos com medidas de segurança impossibilitarem a continuidade dos serviços. Mas, será esse o real motivo para o fim de um serviço de tamanha importância para a população? Na verdade, todos os principais ataques contra a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) vêm disfarçados de problemas financeiros. Foi assim com o plano de saúde da categoria, que durante um longo tempo foi vítima de uma intensa campanha que visava propagandear a ideia que a Empresa não teria condições de arcar com a saúde dos trabalhadores e que, por fim, culminou, em abril do ano passado, na cobrança de mensalidade no plano de saúde dos trabalhadores. Contudo, quase um ano depois da implementação de mensalidades que compromete uma parcela significante dos salários dos funcionários, ainda assim, cada dia mais profissionais e clínicas médicas deixam o plano por falta de pagamento.
A desculpa da suposta crise financeira também é a justificativa para não haver mais contratações na Empresa. Tal situação é agravada com o fato de a ECT, além de não contratar, ainda diminuir todos os anos seu quadro de funcionários através dos PDV's e PDI’s (Plano de Demissão Voluntária e Plano de Demissão Incentivada). A “falta de dinheiro” é também a mesma desculpa usada para a implantação do DDA (Distribuição Domiciliar Alternada), que deixa a população desassistida no seu direito de receber suas correspondências em casa, diariamente. O motivo real para todos esses ataques que massacram os trabalhadores e que, principalmente, prejudicam a população, nada tem a ver com “falta de dinheiro”. Longe disso. Trata-se de uma tentativa de salvar os lucros de grandes empresas privadas nacionais e, principalmente, internacionais. As Agências de Correios Franqueadas (AGF) abocanham grande parte dos lucros dos Correios e, justamente por isso, são um negócio de “pai para filho”. Elas recebem dos clientes à vista, têm 23 dias para movimentar o dinheiro e, ao fim desses 23 dias, só repassam 70% do valor aos Correios. Mas, com a crise, esse “negócio de camaradas” já não é suficiente. É necessário abrir as portas e entregar todo e qualquer serviço à iniciativa privada, inclusive, os serviços do Banco Postal. Além disso, é necessário vender a ideia de que, por se tratar de uma empresa pública, o Correio não teria condições de prestar bons serviços à população e que mesmo os serviços essenciais não poderiam mais ser mantidos. Tal campanha, propagandeada principalmente pela imprensa burguesa, tem a intenção de favorecer a entrega dos Correios, ou seja, a privatização.
Diante dessa situação, os trabalhadores devem estar prontos para defender o Correio enquanto empresa pública, assim como todos os seus direitos conquistados em anos de luta. A categoria deve também fortalecer o Sindicato para impedir os ataques desferidos com o intuito de enfraquecer as organizações sindicais. Somente a luta dos trabalhadores de todas as categorias, unificadas, será capaz de barrar os ataques neste próximo período.