A diretoria do SINTECT-MG realizou, na última semana, visitas técnicas nas unidades de distribuição dos Correios de Governador Valadares para a averiguação das condições de trabalho. As visitas contaram com a presença de dois dirigentes sindicais e foram acompanhadas por um representante da Empresa.
Tanto os Centros de Distribuição Domiciliar quanto o Centro de Entrega de Encomendas de GVS estiveram na mira de denúncias, realizadas junto ao Sindicato e também ao MPT (Ministério Público do Trabalho). O objetivo da averiguação é apontar as irregularidades e apresentar os levantamentos aos Procuradores do Trabalho. As irregularidades apontadas por denúncia ao MPT foram confirmadas pelos trabalhadores do CDD GVS no primeiro dia de averiguação, assim como pelos trabalhadores do CEE/GVS e CDD GVS Centro no dia seguinte. Os dirigentes sindicais coletaram provas importantes para serem apresentadas aos Procuradores do Trabalho, tanto através da escuta das denúncias feitas pelos trabalhadores quanto através de registros fotográficos.
As denúncias apresentadas apontam as dificuldades impostas aos trabalhadores na realização de suas atividades diárias e as grandes distâncias percorridas – em alguns casos, só o deslocamento até o distrito chega a quase 6 km em que, às vezes, os deslocamentos são realizados com bicicletas, sem nenhuma manutenção, conforme pode ser comprovado por registros fotográficos.
Segundo relato dos trabalhadores, companheiros de trabalho já sofreram acidentes de bicicleta por falta de manutenção. Além de não recolher as bicicletas que não estão em estado de utilização, as gestões das unidades adotam medidas temerárias, como fazer "gambiarras", retirando as peças quebradas de uma bicicleta e substituindo por outras retiradas das bicicletas que estão paradas por não estarem em condição de uso. Seria cômico se não fosse trágico: gestores bancando os mecânicos de bicicletas (sucatas) da ECT.
Além disso, há registro de trabalhadores que foram obrigados a pagar pela manutenção de pneus furados com dinheiro do próprio bolso, para que pudessem finalizar duas atividades laborais e retornar à unidade de trabalho. Ao procurar a gestão em busca do ressarcimento dos valores gastos, o ressarcimento foi negado pela gestão, deixando os trabalhadores com prejuízo.
Quando o assunto é SD nas unidades, a situação é ainda pior. O último levantamento para redimensionar os distritos apontou, na unidade CDD GVS, a perda de 7 distritos postais dos 25 existentes. O mesmo aconteceu no CDD GVS Centro, que também perdeu distritos com a implantação do SD da morte, como era de se esperar, pois a parametrização do sistema desconsidera os pontos importantes para que haja lisura e transparência no processo. Isso ocorre para beneficiar a superexploração promovida pela direção da ECT nos últimos anos, maquiando propositalmente o real motivo destes problemas, que é a falta de concurso público para contratação de novos trabalhadores, o que faz com que qualquer trabalhador da Empresa trabalhe por 5 ou 6. Nesse sentido, é verídica a fala do Procurador do Trabalho: "ECT se tornou uma máquina de fazer doentes".
É importante lembrar que Governador Valadares é uma cidade historicamente quente e que, nos últimos dias, o país atravessa uma onda de calor excessivo. Ainda assim, os trabalhadores de Governador Valadares estão sendo expostos às altas temperaturas nos horários de pico de exposição aos raios UVA/UVB, pois não foram adotadas medidas eficazes para diminuir o tempo de exposição dos trabalhadores ao sol escaldante, mesmo com as tentativas e solicitações do SINTECT-MG para que a SE/MG adequasse o horário de entrega em toda a sua base territorial para entrega matutina. É importante demarcar que Governador Valadares é a única cidade da região que ainda não tem entrega matutina implantada, nem em curso de implantação, o que demonstra o total descaso da gestão da Empresa com a saúde e o bem-estar físico dos trabalhadores.
No CEE (Centro de Entrega de Encomendas), a situação não é diferente, pois a unidade é extremamente quente, e nenhuma medida para amenizar o desconforto térmico foi adotada na unidade pela gestão. Essa atitude de descaso por parte da Empresa está em total desacordo com o PGR (Programa de Gestão de Risco) que delimita o limite máximo de temperatura a 25°C, conforme consta na NR 17.
No que diz respeito à denúncia de assédio moral nas unidades, devido ao fato de os gestores estarem presentes durante toda a visita de averiguação, alguns trabalhadores denunciaram o problema, mas a maioria sentiu-se constrangida ou ameaçada para expor o problema, pela cultura de perseguição e assédio moral que reinou nos últimos 6 anos. No entanto, procuraram os dirigentes sindicais ao término das visitas e denunciaram o assédio. Inclusive, segundo as denúncias, os gestores chegam ao ponto de usar ameaças de abrir processos e/ou "retirar as funções" caso o trabalhador não possa fazer horas extras que são diárias, para maquiar resultados da falta de efetivo, e que causam enorme desgaste físico aos trabalhadores, que já estão sobrecarregados.
Além disso, as convocações para o trabalho aos sábados acontecem todas as semanas, podendo ou não ser canceladas na sexta ao término da jornada de trabalho, o que retira dos trabalhadores o direito de fazer planos para o final de semana e os obriga a ficar à disposição da ECT, que aboliu o trabalho no sábado, mas que, efetivamente, continua a realizá-lo. Mais uma forma de assédio e pressão em cima dos trabalhadores de forma desnecessária. Nas unidades, os trabalhadores também expuseram o quanto se sentem ameaçados e constrangidos pela utilização do EPTC por parte dos gestores, como ferramenta de coerção e assédio.
Infelizmente, a situação das unidades de distribuição de Governador Valadares não é uma exceção à regra, mas sim a realidade de grande parte das unidades de trabalho dos Correios em todo o país, e um retrato do sucateamento que a Empresa sofreu nos últimos anos, num projeto nefasto de privatização.
Por isso, a direção do SINTECT-MG chama atenção para o descaso dos responsáveis pela gestão da empresa, que ainda insistem em praticar um projeto de destruição e sucateamento desta que é a maior empresa pública do país. Reconstruir os Correios é fundamental para garantir que esta empresa continue prestando um bom serviço à população, e por esse motivo, o sindicato orienta os trabalhadores a estarem mobilizados para o enfrentamento na luta por melhores condições de trabalho, por um concurso público imediato e pelo fortalecimento dos Correios.
#NÃOÀPRIVATIZAÇÃODOSCORREIOS!
#ENTREGAMATUTINAJÁ!
#CONCURSOPÚBLICOJÁ!