Há quase 4 décadas, o SINTECT-MG vem falando sobre o problema da terceirização irrestrita, que acontece dentro dos Correios. O caos atual é resultado direto desse modelo. Pode-se dizer que tudo começou no final dos anos 1980, com a criação das agências franqueadas, seguida pelo sucateamento da frota de caminhões, a extinção do cargo de motorista e a entrega de toda a rota rodoviária da empresa nas mãos de grandes transportadoras nacionais e internacionais.
Mais recentemente, em 2014, vimos a entrega do nosso plano de saúde. Houve a greve de 43 dias e vários protestos, mas a promessa feita na época era de que nada mudaria. Mudou, e muito. A primeira mudança foi a drástica redução de profissionais credenciados, já que o processo de credenciamento se tornou extremamente burocrático, levando muitos a desistirem. O outro foi a criação da mensalidade do plano de saúde, que começou com R$ 50,00 (cinquenta reais) e hoje toma, em síntese, entre 30% a 50% do salário dos trabalhadores.
Curiosamente, muitos que defenderam essas medidas foram os primeiros a abandonar o plano. Após a implantação da mensalidade, vieram novos ataques: aumento da coparticipação e ainda menos profissionais credenciados — um cenário que afetou inicialmente as cidades do interior, e que atualmente está avançando com descredenciamentos em massa, inclusive na capital. Tudo parece planejado para inviabilizar o plano de saúde e nos levar a desistir de um direito legítimo.
O caos atual, com a paralisação das linhas terrestres, não se deve apenas à falta de pagamento por parte da direção da empresa. Trata-se de uma estratégia deliberada para inviabilizar a continuidade dos Correios como empresa estatal, como ação imediata para facilitar e ressuscitar o debate da privatização da Empresa.
Desde que o atual governo assumiu, retirou os Correios da lista de privatizações conduzidas pelo Congresso. No entanto, não coibiu ações que comprometem o funcionamento da empresa. Já no início de 2023, os EIS (Executores Indiretos de Serviços), que realizavam as entrega com veículos ficaram sem receber. Ainda em 2023, os trabalhadores terceirizados dos complexos operacionais passaram a ter seus vales-transporte e tíquetes cortados, até chegarem aos atrasos salariais. Em plena Black Friday, um dos contratos foi encerrado de forma unilateral, provocando transtornos aos funcionários do interior, muitos dos quais tiveram que deixar suas casas para cobrir demandas nos CTCE’s de diversas regiões do país.
Em 2024, a situação se repetiu com o encerramento do contrato com terceirizados em novembro, mais uma vez gerando caos. Agora, enfrentamos novamente o mesmo transtorno com a paralisação das linhas terrestres por falta de pagamento. O objetivo parece claro: inviabilizar a empresa para nos convencer de que chegamos ao fim da linha e criar a falsa sensação de que apenas a privatização é o caminho possível. É MENTIRA..
É verdade que as últimas semanas têm sido duras para todos, mas, mais uma vez, fica evidente que a terceirização é um mal que se instalou e que a direita está desesperada para tomar a ECT para si. E mesmo depois de todo esse transtorno, de nós nos desdobrarmos para colocar a casa em ordem, há a ameaça de tudo voltar para as mãos dos mesmos — ou pior, de ver a terceirização ser ainda mais ampliada.
Precisamos nos organizar imediatamente, conversar com cada colega de trabalho para que possamos iniciar, mais uma vez, a luta contra a privatização, assim como fizemos em 2020, porém, agora, com mais vigor e determinação. Não podemos deixar que privatizem os Correios e que estes abutres, queiram se apropriar de mais um patrimônio do povo brasileiro, que tem mais de 360 anos e com mais de 84 mil funcionários diretos que SEMPRE fizeram suas atividades com qualidade e eficiência.
NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA ECT!
NÃO À VENDA DOS CORREIOS!
NÂO À PRECARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO!
NÂO AO DESCASO COM OS FUNCIONÁRIOS!
GREVE JÁ!