No dia em que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) completou 356 anos, o presidente da estatal, General Juarez Aparecido de Paula Cunha, “comemorou” com uma declaração que demonstra suas reais intenções para os Correios. Segundo Juarez, a pretensão é cortar 20 mil postos de trabalho, fechar agências e terceirizar parte dos serviços.
Chama a atenção que ao se tornar presidente da estatal, o General disse ser contrário à privatização, agora, usa a velha desculpa do falso déficit para justificar uma “nova” proposta de reestruturação. Aliás, tal proposta de nova não tem nada, afinal, há anos o SINTECT-MG vem denunciando os planos dos governos burgueses de diminuir em 25 mil o quadro de funcionários da Estatal.
A declaração deixa claro que o atual governo não tem nada de “nacionalista”. Não existe “Brasil acima de tudo”. A política que está sendo imposta é de completa subserviência em relação ao grande capital. Os militares que assumiram postos no governo, apesar de passarem a imagem de ser contrários à entrega do patrimônio nacional, na verdade, seguem à risca a cartilha do imperialismo. Mesmo se declarando contra a privatização, propõem mudanças que visam aumentar a terceirização, fechar unidades, extinguir postos de trabalho e demitir trabalhadores concursados, o que, na prática, levará inevitavelmente à privatização da Empresa.
Não resta dúvidas quanto ao papel do novo presidente: dar continuidade ao processo de sucateamento e entrega dessa importante empresa pública. Tanto é verdade que o quadro de pessoal dos Correios já vem diminuindo ano a ano, seja por programas de demissão voluntária, seja por vagas desocupadas e não repostas.
Há menos de seis anos, a Empresa contava com um quadro de 126 mil empregados. Atualmente, calcula um efetivo de cerca de 105 mil trabalhadores, ou seja, 20 mil a menos. Essa redução drástica prejudica a população, que já não pode mais contar com a mesma qualidade nos serviços prestados, e gera uma sobrecarga de trabalho nas unidades, o que incide diretamente na saúde dos empregados, pois acabam adoecendo ainda mais em virtude do excesso de trabalho e exploração
Existe também o maldoso DDA, que foi criado e implantado por esse mesmo projeto de “reestruturação”. Ele cumpre justamente esse papel: explorar fortemente o número cada vez mais reduzido de trabalhadores, enquanto deixa a população privada do seu direito de receber diariamente suas correspondências em casa. Diante da desculpa do déficit, sempre utilizada para impor tais ataques aos Correios, é necessário que analisemos com muito cuidado o que está acontecendo na Estatal.
Não há déficit, mas o desmonte proposital dos Correios
Não é verdade que há um déficit na ECT que precisa ser superado. Este é simplesmente o resultado de uma jogada contábil, propositalmente equivocada, que mistura gastos com provisionamentos para dar a impressão de prejuízo. O que existe, de fato, é todo um plano elaborado para beneficiar diversas empresas privadas nacionais e, principalmente, internacionais. É esse o verdadeiro motivo do fechamento de centenas de agências em todo o País. É o mesmo motivo que leva ao fechamento do setor próprio de Call Center e dos Centros de Triagem, além da extinção dos cargos de OTT (Operador de Triagem e Transbordo). O objetivo é favorecer as agências de Correios franqueadas (agências privadas) e as empresas terceirizadas.
Enquanto a extrema-direita põe em prática seu nefasto plano neoliberal de entrega de todo o patrimônio público, também avança nos ataques aos trabalhadores, retirando direitos e buscando asfixiar as organização sindicais. Atacar os Sindicatos, inclusive, é essencial para que esses planos possam ser bem-sucedidos. Por isso, a direita pôs fim ao imposto sindical e tenta impedir os descontos das mensalidades ao Sindicato em folha de pagamento. É uma forma de tentar enfraquecer a organização dos trabalhadores e tentar quebrar a resistência. Sendo assim, é vital que os trabalhadores fortaleçam suas entidades sindicais e se organizem para as lutas que inevitavelmente deverão ser travadas com vistas a garantir seus direitos e empregos.
Não às demissões!
Não às privatizações!
Não à Reforma da Previdência!